12º AULA – A LIBERDADE / O LIVRE ARBÍTRIO
A liberdade é a condição necessária da alma humana que, sem ela, não poderia construir seu destino. A primeira vista, a liberdade do homem parece muito limitada no círculo de fatalidades que o encerra: necessidades físicas, condições sociais, interesses ou instintos.
Mas considerando a questão mais de perto, vê-se que esta liberdade é sempre suficiente para permitir que o espírito quebre esse círculo e escape as forças opressoras.
O espírito tem em si uma série de leis que não pode sobrepujar. Envolvido na matéria, preso a um organismo, sujeito a leis biológicas, fisiológicas e psíquicas, vinculado a um meio social e a uma raça, um povo, modelado pelo aspecto cultural e pela educação da família, preso enfim a uma Lei Universal, não pode agir sem levar em conta sua natureza perfectível e seu grau de evolução relativa.
Naqueles que não chegaram a um grau de consciência superior sua vontade é quase instintiva, baseando-se nas necessidades de sobrevivência. Na medida porém que tomamos consciência de nossa existência, e sua finalidade, nos convertemos em seres mais reflexivos, inteligentes e racionais, conquistando passo a passo nossa liberdade, que aumenta na medida em que progredimos.
Por esse motivo que o Espiritismo postula que “o livre arbítrio é sempre proporcional ao grau de evolução do espírito”. Quanto maior for nosso grau de evolução maior será nossa liberdade, por conseguinte maior será nossa responsabilidade diante de cada ato.
Nesse sentido a compreensão da questão do livre arbítrio traz um salto de qualidade na nossa vida de relação.
A Idade Média dava ao homem uma única perspectiva de existência, este era temente a Deus e joguete dos interesses da Igreja e conseqüentemente do Estado daquela época.
O Renascimento desloca o eixo, centrando no indivíduo a questão do conhecimento e das próprias decisões. Falta-lhe no entanto uma perspectiva a longo prazo.
O Espiritismo chega ao mundo como esta visão de longo prazo, além disso rompe com as limitantes das idéias Judaico-cristãs, caindo por terra idéias como o pecado e uma série de coisas que apenas trouxeram a infelicidade dos homens.
“O livre arbítrio é um desses conceitos libertadores que o Espiritismo é portador.”
A partir dele o homem espírita é capaz de tomar decisões, e as toma de forma mais consciente que o homem medieval, que o homem do renascimento, ou qualquer outro homem de seu próprio tempo.
Ciente de sua liberdade plena, faz dessa liberdade linha condutora de sua prática existencial; usando-a no sentido do crescimento individual e colocando-a a serviço do aprimoramento das instituições sociais.
Isto só se pode obter por uma educação e uma preparação prolongada das faculdades humanas: libertação física pela limitação das vontades, libertação intelectual pela conquista da verdade; libertação moral pela conquista da virtude.
Como conciliar nosso livre arbítrio com a presciência Divina? Perante o conhecimento antecipado que Deus tem de todas as coisas, pode-se verdadeiramente afirmar a liberdade humana? Deus, cuja ciência infinita abrange todas as coisas, conhece a natureza de cada homem e as suas impulsões, as tendências, de acordo com os quais poderá determinar-se.
Nós mesmos, conhecendo o caráter de uma pessoa, poderíamos facilmente prever o sentido em que, numa dada circunstância, ela decidirá, quer segundo o interesse, quer segundo o dever.
O livre arbítrio, a livre vontade do espírito exerce-se principalmente na hora das reencarnações. Escolhendo tal família, certo meio social, ele sabe de antemão quais são as provações que o aguardam, mas compreende, igualmente, a necessidade destas provações para desenvolver suas qualidades, curar seus defeitos, despir seus preconceitos e vícios. Estas provações podem ser também conseqüência de um passado nefasto, que é preciso reparar, e ele aceita-as com resignação e confiança, porque sabe que seus grandes irmãos do plano espiritual não o abandonarão nas horas difíceis.
O estado completo de liberdade atinge-o no cultivo íntimo e na valorização de suas potências ocultas. Os obstáculos acumulados em seu caminho são meramente meios de o obrigar a sair da indiferença e a utilizar suas forças latentes. Todas as dificuldades materiais podem ser vencidas.
Libertando-se das paixões e da ignorância, cada homem liberta seus semelhantes. Tudo o que contribui para dissipar as trevas da inteligência e fazer recuar o mal, torna a humanidade mais livre, mais consciente de si mesma, de seus deveres e potências.
A pessoa que se ama é livre por dentro, pois sabe diferenciar a determinação de Deus e a Liberdade conquistada no dia a dia, através de seu auto conhecimento, razão e vontades.
Referência Bibliográfica: O problema do ser, do destino e da dor. Léon Denis