14º AULA – A DISCIPLINA DO PENSAMENTO E A REFORMA DE CARÁTER
O pensamento, dizíamos, é criador. Não atua somente em roda de nós, influenciando nossos semelhantes para o bem ou para o mal; atua principalmente em nós; gera nossas palavras, nossas ações e, com ele, construímos, dia a dia, o edifício grandioso ou miserável de nossa vida presente e futura.
Não há assunto mais importante que o estudo do pensamento, seus poderes e ação. É a causa inicial de nossa elevação ou de nosso rebaixamento; prepara todas as descobertas da ciência, todas as maravilhas da arte, mas também todas as misérias e todas as vergonhas da humanidade. O homem só é grande, só tem valor pelo seu pensamento; por ele suas obras irradiam e se perpetuam através dos séculos.
Se meditarmos em assuntos elevados, na sabedoria, no dever, no sacrifício, nosso ser impregna-se, pouco a pouco, das qualidades de nosso pensamento. É por isso que a prece improvisada, ardente, tem tanta virtude.
A oração, a comunhão pelo pensamento com o universo espiritual e divino é o esforço da alma para a beleza e para a verdade, nas esferas da vida real.
Se ao contrário nosso pensamento é inspirado por maus desejos, pela paixão, pelo ciúmes, pelo ódio, as imagens que cria sucedem-se, acumulam-se em nosso corpo fluídico. Assim, podemos à vontade fazer em nós a luz ou a sombra
Mas, quase sempre nossos pensamentos passam constantemente de um a outro assunto. Pensamos raras vezes por nós mesmos, refletimos os mil pensamentos incoerentes do meio em que vivemos. Poucos homens sabem viver dos seus pensamentos, seu espírito é como uma habitação franca de todos que passam. Os raios do bem e do mal lá se confundem, num caos perpétuo.
Para mudar o pensamento,discipliná-los precisamos:
- Fiscalizar os pensamentos e discipliná-los: fiscalização dos atos, pois se nosso pensamento for mau e os atos são bons apenas haverá uma falsa aparência do bem.
- Imprimir uma direção determinada: serenar os pensamentos e excluir tudo o que não é bom, o que não é produtivo.
- Escolher com cuidado nossas leituras: depois amadurecer e assimilar a essência do que foi lido. Em geral lê-se demais, depressa e não se medita. Seria preferível ler menos e refletir mais o que se leu.
- Estudo silencioso: recolhido é sempre fecundo para o desenvolvimento do pensamento. É no silêncio que se elaboram as obras fortes.
- Meditar: na meditação o espírito se concentra, volta para o lado grave e solene das coisas, a luz do mundo espiritual banha-os com suas ondas. Nessas horas os espíritos de luz nos inspiram para o bem e para a verdade.
- Evitar discussões ruidosas: as palavras vãs não levam o homem a nada, nesse momento da abertura para os espíritos inferiores nos sugestionar.
- Procurar estudos sérios: os estudos sérios deixa o pensamento mais estável e facilita nossa evolução.
Na reforma de caráter:
É necessário o choque das provações, as horas tristes e desoladas para fazer o homem compreender a fragilidade das coisas externas e encaminhá-lo para o estudo de si mesmo, para a descoberta de suas verdadeiras riquezas espirituais. Não há progresso possível sem observação atenta de nós mesmos. É preciso vigiar todos os nossos atos impulsivos para saber que sentido devemos dirigir nossos esforços para nos aperfeiçoarmos.
Regular a vida física, reduzir as exigências materiais ao necessário, a fim de garantir a saúde do corpo, instrumento indispensável para nosso papel terrestre. Também disciplinar as impressões, as emoções, exercitando-nos em dominá-las, em utilizá-las como agentes de nosso aperfeiçoamento moral; aprender principalmente a esquecer, a fazer o sacrifício do eu, a desprender-nos de todo o sentimento de egoísmo.
Concentremos, pois muitas vezes, nossos pensamentos, para dirigi-los, pela vontade, em direção ao ideal sonhado. Meditemos nele todos os dias, a hora certa, de preferência pela manhã, quando tudo está sossegado, quando a natureza fresca e descansada, acorda para a claridade do dia.
Referência Bibliográfica: O problema do ser, do destino e da dor / Léon Denis
A Genesis / Allan Kardec